O único problema era que a casa precisava de muitos reparos.
Caros. Enfim, a proposta seria uma obra inicial descontada nos primeiros meses
de aluguel. Não ia acontecer. Era uma proposta indecorosa.
Saímos da imobiliária, já otimistas, sonhando com a casa
nova. Foi quando a gente se lembrou da visita marcada na granja do aeroporto.
Essa opção foi indicação de outra Marina, uma antiga colega de trabalho. A fala
foi: “ah, não custa nada”. Pra gente, mais por esperançaéaúltimaquemorre, a
casa do São Pedro já estava fechada e mais nada seria melhor e mais em conta
que ela. Mas não custava nada, a visita já estava marcada.
O corretor já estava a caminho pra encontrar conosco na
granja. Na verdade, o endereço era impossível de saber e só havia pontos de
referencia. Mas a gente chegou. Ele abriu o portão, a gente passou com o carro
por um portão de ferro todo trabalhado seguido de um caminho de pedra coberto
por um túnel de bambu chinês. Era como se estivéssemos entrando em uma
atmosfera totalmente diferente. A casa era indescritível. Eu só mandei fotos
pra Marina, que estava online no whatsapp seguindo toda a história da busca
pela casa. E ela: “é brincadeira, né? Vocês não estão considerando.” Claro que
era brincadeira! A casa tinha um quintal enorme, gramado, pomar, jardim, horta,
piscina, sauna, churrasqueira, lareira, 7 salas, 4 suítes, mais um quarto!
Inexplicavel! Magnífica! Mas óbvio. Era impossível.
Nessa visita estávamos Felipe, Marcelim, Jefim e eu, todos
deslumbrados, nos perguntando o que estávamos fazendo ali!
O Jefim, tinha se mostrado bem sensato quando disse que o
orçamento da obra da casa do São Pedro era surreal e que talvez a casa não
valesse aquilo. E foi quando a gente concordou que só fecharia negócio com o
desconto no aluguel. O que ele também achava impossível de acontecer. E foi por
uma pergunta também sensata do Jefim, que tudo mudou.
Saindo pelo túnel de bambu chinês, às gargalhadas, no carro
Felipe, Marcelim e eu vimos o Jefim perguntando ao corretor: “essa casa está à
venda?”.